Combate à Violência

É necessário termos uma política urbana, integrada e que desmonte qualquer apartheid existem na cidade e que seja capaz de enxergar todos os cidadãos, seja da favela ou do asfalto, da igreja ou da macumba, indígena ou quilombola, preto ou branco, periférico ou ribeirinho. - Texto sobre imagem das ruas de Copacabana

A Insegurança e a Cidadania

Por Anderson Quack Cria da Cidade de Deus,  hoje é assessor de Participação Social de Diversidade do Ministério do Planejamento e Orçamento. Quack foi Diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira e Presidente Substituto da Fundação Palmares/MinC; Secretário Geral da Central Única das Favelas – CUFA e agente cultural desde sua fundação. É autor do livro No Olho do Furacão, e co-autor de outras obras. A Insegurança e a Cidadania! Quando penso em insegurança não me restrinjo apenas ao aspecto da violência física, mortes, roubos, feminicídio, transfobia, o racismo religioso, genocídio da população negra, a guerra das facções criminosas que disputam pontos de venda de drogas e ou a guerras das várias vertentes da milícia incluindo a mais nova modalidade que são as narcomilicias. Esse gravíssimo problema amplamente noticiado, por si só. já ocupa um imenso espaço na nossa saúde mental. Ainda que não sejamos vitimados direto e indiretamente, nossa sensação de insegurança vai ficando cada vez maior à medida que os alarmantes números de casos crescem num verdadeiro amontoar de corpos. Essa dura e triste realidade fica ainda mais complexa para uma parcela significativa da população do Rio de Janeiro por exemplo que sofrem também com a insegurança alimentar que faz muitas vítimas fatais ou deixa graves sequelas, a crise climática que ceifa vidas das populações mais vulneráveis com enchentes e outras catástrofes ambientais, a falta de moradia digna ou a especulação imobiliária que remove os mais humildes dos seus habitats de origem e os colocam em condições subumanas, a ausência completa de um transporte de qualidade e integrado que possa oferecer aos trabalhadores um ir e vir em segurança. Em resumo, falta política urbana na cidade. Nesta toada inauguro minha coluna no QTR puxando essa conversa para falarmos sobre direitos. Direitos: garantia e ausência. Em 1988 foi promulgada a constituição cidadã, ano em que se comemorava o centenário da abolição da escravatura, e ano vizinho a comemoração de outro centenário o da Proclamação da República, contudo, qual entendimento que nós enquanto sociedade temos sobre: O que é Cidadania? Esse tema está relacionado diretamente ao tema da insegurança, direito a cidade e outras garantias e ausências de direito. Nesse contexto brota outra pergunta: O que é ser um cidadão carioca, fluminense, brasileiro? E por fim: Como estamos atualizando nosso conceito e entendimento sobre esse tema em face as mudanças do mundo? Olhando para o Rio Esse é um diálogo “local” que faço olhando pro Rio mas também para o mundo.  Copacabana, uma das praias mais bonitas do planeta, principal cartão postal do Brasil, teve um pico tão alto de insegurança que nos deu um choque de realidade e nos colocou a todos para pensarmos sobre as emergências e as urgências da vida na Cidade. Um grupo de justiceiros totalmente contrário a lei, porém, não deixa de ser um grito de quem está sofrendo com a insegurança, se põe a fazer justiça com as próprias mãos. Contudo o argumento de autodefesa me parece gerar ainda mais insegurança e uma espécie de pânico generalizado. Não resolve e ainda piora e muito o conceito de Cidadania. Enxergando os cidadãos É necessário termos uma política urbana, integrada e que desmonte qualquer apartheid existem na cidade e que seja capaz de enxergar todos os cidadãos, seja da favela ou do asfalto, da igreja ou da macumba, indígena ou quilombola, preto ou branco, periférico ou ribeirinho. Precisamos olhar pra cidade e garantir a Cidadania dos que nela habitam. Como nossa conversa está só começando, deixo a fala do idoso agredido covardemente em Copacabana por criminosos que assaltavam pedestre quando ele passou e tentou ajudar uma vítima. Perguntado sobre o problema dos assaltos em Copacabana ele diz: “Eu acho isso um problema universal, temos gente demais, temos gente demais, sem formação, sem, sem condição de crescer em nada, a tecnologia está vindo ai menos campo de trabalho, a gente já devia pensar em fugirmos da armadilha malthusiana para entrarmos na transição demográfica, menos gente, menos nascimento, sabe, não dá, não está dando”. Gostou da Coluna de Anderson Quack? Acompanhe as próximas em quemterepresenta.com.br e nos siga no Instagram @_quemterepresenta.

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