Entrevista com Diego Vaz – Compromisso com a Zona Norte do Rio

Diego Vaz - Uma Jornada de Compromisso com a Zona Norte e o Serviço Público

Da infância no Méier com sua família à entrada na vida pública, conheça as perspectivas de Diego sobre a política e a Zona Norte

A Quem te Representa? entrevistou Diego Vaz. Ex-subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro, Diego personifica uma conexão profunda com essa região, moldada por suas raízes familiares e vivências marcantes desde a infância. Nascido e criado no Méier, Diego relembra com carinho suas origens: “eu sou criado no Méier, nasci no Méier, na rua Dona Claudina, filho de Mário Ferreira e Cristina Vaz, meu pai um industrial, um comerciante de Cavalcante, numa indústria familiar onde ele era a segunda geração, uma fábrica de estopas”. Seu vínculo com a Zona Norte transcende o geográfico, é um laço emocional que permeia sua identidade e trajetória.

Eu sou criado no Méier, nasci no Méier, na rua Dona Claudina, filho de Mário Ferreira e Cristina Vaz, meu pai um industrial, um comerciante de Cavalcante, numa indústria familiar onde ele era a segunda geração, uma fábrica de estopas, E minha mãe é professora/pedagoga do Imaculado Coração de Maria, um colégio tradicional aqui no Méier, no Rio de Janeiro. 

E nessa junção, num carnaval lá, em Pedras de Guaratiba, nasceu o Diego Vaz, que sou eu aqui, que é fruto um pouco dessa dinâmica do subúrbio dos anos 90, onde meu pai e minha mãe, com muita batalha, com muito fruto, conseguiram vencer e crescer na vida. E ali, pelos meados dos anos 90, nos anos 2000, a gente se muda, sai do Méier, faz aquele êxodo do Rio de Janeiro, vai morar na Barra da Tijuca, deixa de ser suburbano e vai para a Barra. Mas a minha vida continua sempre aqui, na Zona Norte. 

Eu estudei, me formei em Engenharia Têxtil no Senai Cetiqt, que é uma instituição ali no Riachuelo, no Rocha. Eu fui atleta de futsal desde os 18 anos. Joguei no Grajaú tênis. Depois joguei futebol de campo, rodei todos os clubes de futsal e de campo que posso imaginar e rodar aqui no subúrbio. Depois trabalhei como engenheiro-textil na indústria da minha família. Eu sou a terceira geração dessa indústria, que completa 50 anos ano que vem lá em Cavalcante. Então, a minha vida sempre foi ligada e sempre teve essa conexão muito forte aqui com a Zona Norte. E depois eu voltei para cá, estabeleci a minha moradia. Eu moro na primeira rua depois do Meir, aqui no Engenho de Dentro, então, tem essa conexão bem forte, bem real com o que a Zona Norte tem. 

Diego Vaz – A gente vai conversar sobre isso, mas acredito que, do lado de cá, do maciço da Tijuca e do túnel aqui da Linha Amarela, a gente não perde em nada, para nenhum nada no Rio de Janeiro. Fora as belezas naturais que a gente tem, que são características do Rio, daqui onde se tira todo o nosso comer, o nosso beber, o nosso celebrar a vida, até o jeito de morrer. O mestre Luiz Antônio Simas fala muito isso também. Então, essas características intrínsecas da cultura do Rio de Janeiro ditaram e ditam muito o que é o subúrbio da Zona Norte hoje em dia. Isso pautou muito o meu trabalho nesses três anos e pouquinho. E a Zona Norte, ela carrega todas essas características, do jeito que se celebra a vida, do jeito que se celebra a morte, do jeito que se come, do jeito que se tem as diferenças… cultura e nesse meu caminhar como engenheiro como é tocando ali a terceira geração da indústria da família.

Diego Vaz – Tive a oportunidade de conhecer o prefeito Eduardo Paes, uma história mais longa que depois a gente entra mais nela e aí depois veio o convite, depois de caminhar ser voluntário na campanha do prefeito em 2020 O prefeito me convidou para a gente poder caminhar junto nessa reconstrução do Rio. Cá estou eu desde 2021, atuando como subprefeito. É um orgulho imenso a gente poder fazer algo pela cidade que a gente nasceu, a cidade que a gente ama, principalmente o lugarzinho, o pedaço de terra onde a gente nasceu, cresceu, onde a nossa família construiu a história. Sou muito orgulhoso de estar onde estou e de fazer o que eu faço.

A infância de Diego na Zona Norte trouxe algumas histórias

Em suas memórias da infância, Diego compartilha histórias vividas nas ruas e vielas do Meier. Essas reminiscências pintam um retrato vibrante de uma infância repleta de momentos singulares. Ele recorda com humor de sua primeira ida ao Maracanã: ” eu cometi uma gafe imensa, que foi dormir no Maracanã. Então eu era uma criança agitadíssima, corria de um canto para o outro, perturbava na escola, fazia de tudo. E o dia que minha mãe me levou para o Maracanã para ver o Flamengo pela primeira vez, sendo o meu pai vascaíno(…)”. Além disso, vai contando sua ligação através da memória afetiva e utilizando lugares de memória para tecer a partir do presente essas lembranças de seu passado.

Diego Vaz – Tenho uma história muito boa! Sempre fui uma criança muito agitada. Então, eu gastava a minha energia toda, mas chegava uma certa parte que eu, como toda criança, desabava e acabava [ao chegar em casa]. Então, eu lembro que minha mãe me levou para um jogo no Maracanã. Deve ter sido em 93, 94 (…) Eu tenho até o álbum do Brasileirão, de 93 que se colava a figurinha ainda com cola, a gente é dessa época, entregando a idade. E aí eu cometi uma gafe imensa, que foi dormir no Maracanã. Então eu era uma criança agitadíssima, corria de um canto para o outro, perturbava na escola, fazia de tudo. E o dia que minha mãe me levou para o Maracanã para ver o Flamengo pela primeira vez, sendo o meu pai vascaíno, então tem aquela coisa (…)

O meu irmão mais velho era vascaíno, minha mãe falou, olha, nesse aqui ninguém toca, nesse aqui ele não vai dormir, no berço, não vai dormir no colo, não vai ser enjoado para comer. Vocês vão deixar eu criar meu filho do jeito que eu quero.” E aí eu acabei sendo flamenguista muito pela influência da minha mãe. E aí ela levou para ver o Palhinha jogar no Flamengo. Acho que era o Casagrande também que jogava nessa época no Flamengo. E eu dormi no Maracanã. Então essa era uma história muito boa.

Foto de Diego Vaz, ex-subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro. Diego é um homem de pele bronzeada, com cabelos curtos pretos e barba bem cheia. Está com uma camisa azul claro.

Diego Vaz – E a outra história muito boa, a gente morava lá na casa da dona Claudina e minha mãe se importa com os filhos, assim, e até hoje dá pra ver nas redes sociais, minha mãe é muito carinhosa, e aí a gente achou um rato, né, dentro de casa. Aqui tem essa dinâmica também na Zona Norte de ser muito perto da rua, perto de mato e tal, assim, às vezes aparecem umas coisas dessas, assim. E aí apareceu um rato na casa, aí minha mãe ligou para meu pai e falou, poxa, Mário e tal, tem um rato aqui dentro de casa e tal, A minha mãe, ah, Cristina, vamos embora, deixa eu trabalhar, preciso não sei o quê, vamos embora, toca a vida e tal, tudo. Daqui a pouco, minha mãe chamou o corpo de bombeiros, aí veio aquele carro, giroscópio gigante, três ambulâncias e tudo, e foram os caras enormes. Aí saí aqueles caras de bombeiros com ratinho segurando na mão, assim, é pra matar o rato. Então, são coisas que existem aqui mesmo, né? E é isso, a gente viveu muito, assim, com muita intensidade, mesmo essa questão, a minha mãe me contando que um dia eu fui mostrar as intervenções que a gente fez aqui na Dias da Cruz, ela falou, poxa, cansei de levar você e seu irmão pra brincar aqui quando criança, né, ficar correndo, jogando bola. 

Diego Vaz – Para quem não conhece, Dias da Cruz é uma das ruas principais do Méier e ela fecha como área de lazer aos domingos. E aí a gente tem muitas características ali, tipo, tem um cachorro quente do gaúcho, que era um cachorro-quente muito antigo e que meu pai comeu e eu comi. Hoje em dia, os filhos do gaúcho tocam o cachorro-quente dele. É uma história muito engraçada também. Era muito agitado. E aí eu lembro que o Natal cortava o nosso cabelo. O Natal cortou o cabelo do meu pai. Depois foi cortar o meu cabelo. E era tão agitado que eu me movia tanto na cadeira que o Natal cortou um pedaço da minha orelha lá fora. Tanto que eu me movia na cadeira. E o Natal era ali também, né? A gente dava cruz perto. O Natal já não existe mais. E o ponto de referência… era perto ali da Academia Champs e tinha um restaurante de bacalhau também ali, que também já fechou. E é isso. Acho que essas coisas de passagens, histórias de pai para filho, de mãe para filho, essas coisas muito de carioquice mesmo. Então, acho também depois quando os meus filhos, quando a minha filha nascer, eu vou fazer questão de levá-la nos lugares que a gente sempre frequentou, onde a gente sempre teve, e de mostrar… Aqui, Mestre Nilo, ensina ela a tocar um pouquinho da bateria. Olha lá, Mestre Lula, Imperatriz, vamos botar ela aqui para fazer. Então, assim, gostei muito dessa dinâmica de Zona Norte mesmo.

Ainda no aspecto das lembranças, as brincadeiras da infância são trazidas com irreverência e com tom de nostalgia, como andar de bicicleta na vila da avó e desfrutar das delícias culinárias preparadas por ela, são fragmentos de um tempo que moldou sua visão de mundo e sua relação com a comunidade. Diego revive esses momentos com nostalgia: “Eu lembro muito, muito, de que… A gente ia para casa da nossa avó porque tudo era permitido na casa da avó…”.

Eu lembro que era clássico, assim, da gente ir para a vila da minha avó, também uma vila, ali no meio, perto da Pedro de Carvalho. E tinham duas coisas, assim, clássicas.

Nossa, agora vocês estão revivendo a minha infância.

Uma era a gente brincar de bicicleta na vila, eu e meu irmão. Então, ele de bicicleta, aí ele queria comprar um patins, a gente queria comprar um velocípede, E a minha avó, lembro que ela não queria dar ou a bicicleta ou o velocípede, alguma coisa, se a gente não soubesse andar. Porque se a gente se machucasse, é culpa dela. Então, ela ficava com isso na cabeça.

E hoje, já pensando aqui na cabeça do subprefeito, eu nem lembro se a vila era asfaltadinha, se dava pra andar bem de bicicleta ou não dava. Quer dizer que a gente ficava o dia inteiro andando de bicicleta na vila da minha avó. E eu lembro muito, muito, de que… A gente ia pra casa da nossa avó porque tudo era permitido na casa da avó. Então a minha mãe já não queria mais dar refrigerante pra gente. Já não queria deixar a gente comer biscoito.

E na casa da minha avó, eu lembro. Era trakinas de morango, era coquinha gelada, aquela de vidro, KS. Minha avó fazia pastel numa casa de mastos, que chama Quimastos, aqui no Méier. Que era um pastelzinho de queijo minas. Ela botava queijo prato, queijo minas. Nossa, delicioso. A minha avó tinha um negócio que ela fazia também, uma receita. É batata frita e ela passava a batata na farinha antes. Então a batata ficava totalmente crocante. E a gente chegava sábado, na casa da minha avó pra poder assistir a Praça é Nossa. Para ver o Carlos Alberto na Praça é Nossa. A gente adorava. Foi um momento muito marcante da minha infância. Eu, minha avó e meu irmão vendo a Praça é Nossa na casa dela, brincando. Estava o dia inteiro na vila, corria. Eu lembro que tinha alguma coisa de parque de diversões no Norte Shopping também. Ali a gente ia, brincava no parque de diversões, depois ia pra casa da minha avó.

Então, assim, a gente brincou muito nisso também. E já tinham os grandes parques também(…) para brincar no Play City. Então a gente ia muito fazer essas coisas, ir comer e depois voltar e é isso, ver desenho, brincar, achar a bola na parede. Isso até os 7, 8 anos. Depois disso já foi ter vida de atleta e ser federado e jogar bola.

Trajetória profissional: família no centro e decisões importantes

A trajetória profissional de Diego é marcada por uma decisão crucial: seguir os passos da família na indústria têxtil. Ele compartilha que foi através de um momento de dor que teve a certeza de que deveria continuar o legado dos seus antecessores, largando a promissora carreira de atleta: 

“Eu lembro que o meu pai, desde pequeno, ele virava pra gente e falava, você vai ser estopeiro (…) meu pai me chamou para conversar e falou, olha, eu construí isso, até aqui, com muita dificuldade, com muito esforço, com muito trabalho, a empresa não vai bem, não tenho mais o seu irmão, só tenho você para continuar. Então, eu queria muito que você desse sequência a isso. Que você continue com o que sempre foi do seu bisavô, do seu avô e meu, e agora vai ser seu. E eu não pestanejei na hora, larguei tudo, voltei para o Rio.”

Foto de Diego Vaz, ex-subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro. Diego é um homem de pele bronzeada, com cabelos curtos pretos e barba bem cheia. Está com uma camisa azul claro.

Essa decisão não apenas moldou sua carreira, mas também reflete seu compromisso em honrar o legado familiar e contribuir para o crescimento da empresa.

Diego Vaz – E mal imaginava a gente que foi a fábrica de estopa de 1975, fez a gente comer bem, ia frequentar bom colégio, ter acesso à educação, ter acesso à saúde, ter tudo e fez a gente crescer de vida. A gente não imaginava isso. Então, eu sempre caminhei numa fase esportiva junto com o meu irmão, E o meu irmão era atleta de tênis, eu era atleta de futebol. E a gente sempre pensou em ter uma carreira esportiva. E aí, em 2003, o meu irmão faleceu num acidente de carro, envolvendo a minha mãe. Minha mãe dirigia, eu estava junto e tal. Então, isso foi um ponto bem linear na nossa família. 

Diego Vaz – E aí, eu lembro que depois de 2003, eu continuei sendo atleta até 2006. E aí naquele fase decisiva, 17 anos, já acabei o ensino médio, ou eu continuava sendo atleta, eu já tinha me mudado para Portugal para tentar jogar lá e continuava, tinha acabado meus estudos, então ou eu presto vestibular para uma faculdade ou eu continuo na vida de atleta e meu pai me chamou para conversar e falou, olha, eu construí isso, até aqui, com muita dificuldade, com muito esforço, com muito trabalho, a empresa não vai bem, não tenho mais o seu irmão, só tenho você para continuar. Então, eu queria muito que você desse sequência a isso. Que você continue com o que sempre foi do seu bisavô, do seu avô e meu, e agora vai ser seu.

Diego Vaz – E eu não pestanejei na hora, larguei tudo, voltei para o Rio, prestei vestibular para duas faculdades, uma foi a PUC Administração e a outra foi Senai Cetiqt, lá no Riachuelo. E aí eu me matriculei, passei para as duas, me matriculei nas duas, quando eu cheguei na PUC Administração, faculdade gigantesca, com festa, com chopada e tudo. Então o jovem de 17 anos geralmente olha para aquilo ali e se vê mais tentado. A outra, entrei com quatro pessoas, tinham dez pessoas, um pessoal de Minas, da região sul, do Nordeste, que eram todos oriundos de fábricas, têxteis, que mandavam seus funcionários para poder ter um ensino técnico, um ensino universitário, para poder galgar uma outra profissão na indústria. 

Diego Vaz – E aí, na hora, eu falei, cara, se eu ficar aqui só em faculdade, só em festa, eu não larguei minha carreira de esporte para isso. Eu vou caminhar junto aqui com a parte mais técnica, com o que realmente o meu pai e a indústria precisam de mim. E foi a melhor escolha que eu fiz. Fui muito feliz. A faculdade, que era de cinco anos, foi para quatro. Reduzi o tempo, me formei em 2011, engenheiro têxtil, e logo assim comecei a trabalhar com a indústria da nossa família. Eu tive um orgulho muito grande de poder ser minha terceira geração. O meu avô está vivo até hoje. Então, o meu avô que fundou a empresa, tem uma fotinha dele ali atrás. Depois eu mostro ele com o meu pai. Então, o meu avô, a gente conversa até hoje. Tem 91 anos, é super lúcido. E conta todas as histórias da Zona Norte, conta todas as histórias da empresa. E vê que, de alguma forma, eu pude participar disso. Pude levar. Não pude ser aquele herdeiro que destruiu tudo o que eles construíram, mas que eu fui um herdeiro que tive acesso e oportunidades e privilégio de ter uma educação e de poder ter tranquilidade de estudar no tempo que eu pude estudar sem ter que me ralar tanto para ir para o trabalho que eles puderam me dar um carro para eu poder ir para a faculdade, combustível, alimentação. Isso tudo são privilégios que outras pessoas não têm. 

Diego Vaz – Então, isso foi muito esforço do meu avô, do meu pai, que me deram essa condição e eu mentalizei isso desde muito cedo. Então, eu usei isso tudo para dar de volta a eles. Então, a gente, graças a Deus, conseguiu ir bem na indústria, conseguiu tocar isso tudo e a fabricazinha se toca hoje estar lá. Graças a Deus é o nosso orgulho e a gente completa 50 anos no ano que vem. Eu dou esse sorriso porque eu tenho o maior orgulho é o maior carinho em falar de tudo que meu pai, do que meu avô, meu bisavô lá na época, que vendeu um posto de gasolina na Água Santa para comprar uma fábrica de estopa para chamá-lo de maluco. Hoje em dia, graças a Deus, está tudo dando certo para a gente.

A relação familiar desempenha um papel central na vida de Diego, especialmente o exemplo de resiliência e determinação de sua mãe. Ele reflete: “Primeiro, a minha mãe sempre foi um motivo de muito orgulho pra mim…” Essa influência materna ressoa em sua abordagem na vida pública, onde ele prioriza valores de empatia e respeito.

Diego Vaz – Primeiro, a minha mãe sempre foi um motivo de muito orgulho pra mim. A história da minha mãe é uma história muito difícil. Minha mãe, ela (…) foi fruto de uma relação onde o meu avô não reconheceu a paternidade dela. Então, pra minha mãe não ser registrada sem o nome do pai na identidade, o que acontece é a realidade de muitas mulheres hoje em dia. A minha mãe foi registrada com o nome dos avós dela. Minha mãe só foi conhecer meu avô com 18 anos. Minha avó morreu muito cedo. Minha avó morreu quando eu e meu irmão, eu tinha dois anos, meu irmão tinha três anos. Então minha mãe não pôde criar os filhos em sua presença. E minha mãe ficou sem referência familiar da parte dela.

Então minha mãe foi uma pessoa que com muitas dificuldades que dor se formou, foi professora, foi professora na Angola em canteiro de obras. Então eu tenho um orgulho muito grande de minha mãe que me levava para os treinos. O futebol atravessava a cidade. Eu me lembro muito quando o prefeito fez a demolição da Perimetral. Eu jogava no Fluminense e era o caminho nosso passar por debaixo da Perimetral e pegar as laranjeiras. Minha mãe me levava em todos os treinos, em todos os jogos.

E eu vejo algumas mães e pais que não têm essa participação na vida dos filhos. Minha mãe sempre foi muito ativa, sempre me ajudou a me educar, dever de casa. Sempre me deu essa parte muito ferrenho em relação aos estudos e tudo, e muito uma parte humana. Então, minha mãe me ensinou muito essa questão de que nós não somos melhores do que ninguém pelo status que nós ocupamos, pela condição social que nós ocupamos, porque podem ser passageiros. Minha mãe me mostrou muito isso. A gente tem que respeitar todo mundo da mesma forma. E hoje é assim, é como figura pública e como estar na política, eu aplico hoje naturalmente tudo o que eu aprendi dela, entendeu? Então, hoje isso sai de mim como se fosse uma coisa mais natural.

Então, minha mãe lá me acompanha em tudo, curte tudo, reposta tudo. Ela tem essa coisa mais de mãe coruja.

Diego Vaz – A gente estava conversando até agora nesse final de semana, que acho que tem um grupo delas, alguém falou mal do prefeito, diretamente falou mal do meu trabalho, aí ela saiu do grupo. Aí meu pai falou assim, já vai se acostumando, seu filho ainda vai ser muito xingado por aí, ainda vai ser falado muito mal. Não vai fazer igual no futebol que você mandava o juiz para aquele lugar. Você tem que se manter centrado e ficar. Mas assim, o papel do meu pai, o papel da minha mãe, o papel dos meus avós, dos meus padrinhos, eu tive, graças a Deus, uma presença familiar muito boa, muito grande na minha vida. E isso faz com que eu consiga transmitir isso muito para o meu trabalho. Nos carros da vila tem um samba que diz isso, né? A gente só se alcança se tiver carinho. Eu carrego muito isso, tem que ter carinho. Se a gente não tratar com amor, com sensibilidade, com trato às coisas, não sai do jeito que tem que ser.

A entrada de Diego Vaz na vida pública

A entrada na vida pública surge como uma fusão de oportunidade e vocação. Diego descreve seu encontro com o prefeito Eduardo Paes como um ponto de virada. Essa transição representa não apenas uma mudança de carreira, mas um compromisso renovado em servir sua comunidade e contribuir para o bem comum.

“Eu tenho uma mistura de dois sentimentos. Uma foi através do prefeito Eduardo Paes(…) e a outra (…) achei que eu precisava prestar o meu trabalho mais para o bem público do que somente para o meu bem de fins monetários ali com a empresa. Então, quando veio o convite do prefeito para ser subprefeito, não pensei nem duas vezes que eu precisava me prestar mesmo é a causa pública nesse momento quando a posição é do subprefeito. Então, foi essa mistura de duas coisas (…). O prefeito, Eduardo Paes, que ele teve a sensibilidade de me achar ali, de encontrar uma vocação minha que era escondida, e por a minha total admiração a ele com trabalho, com pessoa, e a gente ter casado isso, eu ter esse foguinho guardado dentro, e de ele ter cativado essas coisas, me mostrando nesses três meses que eu caminhei junto a ele, junto à campanha.”

Foto de Diego Vaz, ex-subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro. Diego é um homem de pele bronzeada, com cabelos curtos pretos e barba bem cheia. Está com uma camisa azul claro.

Diego Vaz – A gente se conheceu na internet, realmente no Instagram. E ali, por ter várias similaridades de samba, bares, e eu ser um entusiasta muito grande do trabalho dele [Eduardo Paes], e muito por essa sensibilidade mesmo, assim, de acompanhar as coisas da Zona Norte e tal. A gente se aproximou e aí uma vez eu mandei uma mensagem pra ele quando ele perdeu a campanha de 2018 para governador e a gente já tinha trocado o número e aí às 5h40 da manhã, muito ao estilo Eduardo, ele me ligouAí eu olhei meu telefone, Eduardo Paes. A assessoria dele tá realmente querendo captar alguma coisa aí. Quando eu liguei, era aquela voz dele.

Diego Vaz –  Fala aí, cara. Eu te acordei? Não, tô saindo aqui pra trabalhar. Sabia que você era dos meus. Então, olha só, foi fogo isso e tal, perdi a eleição, mas a gente tem tudo pra ser bons amigos, vamos marcar de tomar um chope. Aí um dia eu estava lá na rua do Senado, no samba, postei um story ali, ó. Fica aí, não saia não que eu vou aí. Aí apareceu lá, com o Eduardo Cavalieri, que é nosso secretário da Casa Civil. Daí foi pra um samba, daqui a pouco um samba na casa da tia Surica, com o Marquinhos de Oswaldo Cruz, no Cacique de Ramos. Daqui a pouco eu estava no almoço na casa dele, conhecendo os outros atores políticos, as atrizes políticas, e daqui a pouco eu estava ali no meio. E aí veio a eleição e precisavam de alguém que já tivesse uma relação com ele, que tivesse uma boa relação e que pudesse andar no carro. Eu comecei um dia, dois dias, três dias, daqui a pouco eu tava três meses na campanha direto, meio afastado do trabalho, só fazendo isso (…) 

Diego Vaz – senti que precisava servir mais alguma coisa por tudo que eu já tinha recebido, por tudo que a minha fé mesmo, que Deus e Papai do Céu tinha sido bom comigo, com a minha família, depois dessa história toda que eu contei de perda familiar, de todos os problemas que a gente passou. E eu sempre vi muita pobreza em Cavalcante. Os nossos funcionários, mesmo ganhando cesta básica, mesmo ganhando, às vezes, o adiantamento do mês, nunca serviam. Sempre tinha o dinheiro do Vale do Gás, do Vale da Luz, sempre eram coisas muito básicas, isso me incomodou muito, sempre me incomodou muito. Então, achei que eu precisava prestar o meu trabalho mais para o bem público do que somente para o meu bem de fins monetários ali com a empresa. 

Diego Vaz – Então, quando veio o convite do prefeito para ser subprefeito, não pensei muito em duas vezes que eu precisava me prestar mesmo é a causa pública nesse momento quando a posição é do subprefeito. Então, foi essa mistura de duas coisas (…). O prefeito, Eduardo Paes, que ele teve a sensibilidade de me achar ali, de encontrar uma vocação minha que era escondida, e por a minha total admiração a ele com trabalho, com pessoa, e a gente ter casado isso, eu ter esse foguinho guardado dentro, e de ele ter cativado essas coisas, me mostrando nesses três meses que eu caminhei junto a ele, junto à campanha.

No cenário complexo da gestão pública, Diego Vaz ressalta a importância de aliar a eficiência administrativa à sensibilidade humana. Ele destaca que a gestão não pode se limitar apenas a números e processos, mas deve reconhecer que está lidando com pessoas. Ao descrever sua experiência durante uma enchente em Acari, Vaz demonstra como a sensibilidade é essencial para compreender e atender às necessidades da população afetada. Ele enfatiza:

Não importa se você precisa fazer uma obra de um rio que está alagando (…) ou que tem uma manilha que está estourada, e que toda chuva, aquela senhora que já ganha mal, que já ganha pouco, que acabou de fazer a compra dela do mês ou acabou de fazer o carnê dela, de pagar o móvel, ela vai perder mais uma vez as suas coisas na chuva. Então, aquilo que você tem que priorizar. Isso é sensibilidade.

Diego Vaz – É, e assim, não dá para você tratar tudo como gestão, não dá para você tratar tudo como número, você está tratando de pessoa. Quando você está em Acari numa enchente, que a gente esteve agora, há meses atrás, você entra na casa de uma senhora que perdeu tudo (…). Eu peguei um caminhão (…) e botei dentro da casa dela pra tirar as coisas dela todas e lavei a casa dela. Não tem problema, entendeu?(…). A senhora precisava daquilo. É sensibilidade.

Diego Vaz – Isso você tem que ter dentro da sua alma. Isso não tem matéria de “sensibilidade” na faculdade. Você não consegue fazer esse direcionamento. Ou é seu, ou não é. Lógico que tem que ter senso de prioridade. Você tem que ter senso de gestão. Você tem que saber escolher equipe. Mas o principal mesmo, onde está o gatilho, é você ser sensível às pessoas, às causas.

Diego Vaz – Então, você tem que saber dar prioridade, porque se você priorizar tudo, nada vira prioridade. Ainda mais de um caso nosso, na Zona Norte, que são 2 milhões e mil de pessoas, onde você tem os menores índices de desenvolvimento social, os menores índices de desenvolvimento humano, onde você vê muita pobreza e onde você tem um governo como o nosso, onde o prefeito conseguiu arrumar a casa, onde você consegue ter recurso, onde está na nossa mão a caneta, ali para a gente poder não mudar o mundo, mas você mudar pequenos mundos. Então, assim, você tem que ter realmente, primeiro de tudo, sensibilidade e saber priorizar. Então, é um trabalho um pouco dentro disso da política, a gente realmente fazer isso, você fazer um planejamento dentro desses quatro anos que você tem de governo e já deixar pronto o planejamento para os outros quatro e já deixar pronto o planejamento para os outros. 

Diego Vaz – Mesmo que você depois, caso concorra a algum cargo, você não seja eleito, mas a prefeitura tem um corpo inteiro de servidores que tocam a máquina e que sabem tocar e que você deixar as coisas engatilhadas ali, deixar as coisas muito bem preparadas, as pessoas vão saber que aqueles projetos existem e vão tocar. Por exemplo, o Lúcio Costa planejou todas as linhas e a gente executou depois a linha verde, que cortava ali e virou a transolímpica. Então, você tem projetos que foram feitos antigamente que a gente está executando agora.

Essa é uma coisa que eu aprendi muito com o prefeito Eduardo Paes. O problema fica quente mesmo quando a pessoa chega mais raivosa, mais espumando assim perto dele. Primeira coisa que ele faz, ele [diz] anota o meu número. “Anota o meu número”. Aí ele vem, anota. Cara, ele tá dando o número dele mesmo. Anota o meu número. Tá ali olhando? Me liga. Seu José, esse número aqui [é o do seu José], aí ele “é”. Agora você não fala mais com ninguém, você fala comigo, tá? Fica me dando bom dia, nem falando pro meu Vasco não. Fala comigo, tá? E resolve. O que o prefeito pede, resolve. E aí, assim, a pessoa passa a ter confiança.

Diego Vaz – Então, são esses pequenos insights, assim, que eu aprendi que a pessoa até necessitava, tem um senso de urgência, ela precisa. E você tem que ser acessível. Dá trabalho? Dá. Você abdica de um monte de coisa? Abdica. Você vai trabalhar de domingo a domingo? Mas escolhemos estar aqui, entendeu? Se não, assim, acho que a política não é uma profissão igual a outra. Não é igual médico, não é igual advogado, não é igual engenheiro. Isso aqui é uma vocação. Isso aqui é quase a pessoa que vai viver um celibato. Assim, você é escolhido espiritualmente para atuar dessa forma. (…) Mas do jeito que o nosso país é, do jeito que o nosso país vive, do jeito que a cidade do Rio de Janeiro esta, não é para ser altruísmo, é para ser também uma coisa muito mais voltada a melhorar a vida da nossa gente, gente que precisa, muito mais do que qualquer outro fato.

Os desafios da Zona Norte

Diego Vaz identifica os desafios enfrentados pela Zona Norte, destacando a necessidade de investimentos constantes e políticas públicas consistentes para promover o desenvolvimento da região, como estão sendo feitos. Ressalta que descontinuar o planejamento e o desenvolvimento das áreas gera um grande atraso e perda para população. Ele aponta a importância de infraestrutura adequada, especialmente para lidar com as chuvas frequentes na área. Vaz destaca que em caráter de urgência, estão obras ligadas à infraestrutura viária para garantir a segurança e o bem-estar dos moradores e as obras estruturantes de drenagem e aprimoramento: “A Zona Norte hoje carece muito de infraestrutura, principalmente para lidar com as chuvas.”

Diego Vaz – Acredito que o subúrbio hoje, a Zona Norte, a gente considerando a P3 ali, 65 bairros, a gente sendo muito otimista, tendo a economia boa, planejada, a gente tem 30 anos de desenvolvimento e, sendo pessimista, 60 anos de desenvolvimento. Se a gente tiver os investimentos constantes que a gente, por exemplo, fez nos últimos oito anos na gestão do prefeito e que fez antes também com a gestão do prefeito César, com a gestão do prefeito Conde, com a gestão do prefeito César antes também, a gente só não pode ter interrupções de gestões abruptas que param de investir na cidade. O tempo que você perde desenvolvimento, quando você tem esse ato de investimento, de políticas públicas concretas, retroceder causa um prejuízo muito grande, porque você tem que reconstruir tudo de novo, e mais do que reconstruir fisicamente, você tem que reconstruir a cultura do cuidado. O Rio perdeu muito a cultura do cuidado com as coisas. Você vê a quantidade de lixeiras e papeleiras, aquelas laranjinhas que a gente substitui na rua. A Zona Norte hoje carece muito de infraestrutura, principalmente para lidar com as chuvas. Aí tem uma instrução mais geológica disso tudo, mas sendo muito breve, a gente tem o grande mangue de um lado do maciço, que é a barra da Tijuca, que acaba absorvendo toda aquela água da chuva ali, então drena mais, tem os rios, têm as lagoas ali, e o nosso grande mangue, que era um pouco a Maré, que era um pouco o rio Maracanã, e esses rios todos que ligavam os efluentes, a cidade foi construída em cima daquilo. Então, o Rio das Pedras (…) todos esses rios que levavam em direção à Baía de Guanabara, ao contrário da barra em que a chuva que leva para o mar, a cidade foi construída em cima dele. Então, você teve uma aglutinação da cidade ali e os rios começaram a ficar totalmente estrangulados. E a cidade do Rio de Janeiro, geologicamente, é onde se bate todas as chuvas, desce do maciço e cai com muita força no rio. Então, a gente tem que reconstruir essa infraestrutura. A gente tem que aumentar, realmente, hoje, por exemplo, manilhas que são de 300 e passar para mil. É isso que é o famoso bairro maravilha que a gente faz. São essas obras de drenagem feitas pela Rio Águas. Então, por exemplo, a gente até aqui conseguiu fazer, acho que só um bi de investimento em prevenção de chuvas em todas as áreas do Rio, mas a gente precisa de mais do mínimo de 30 anos para poder fazer o desenvolvimento da cidade até chegar nisso. E depois a gente conseguir ter o cuidado das pessoas. E eu acho que essa é a principal questão. Na questão dos transportes, a gente conseguiu ter uma evolução muito grande agora, que é o BRT da Avenida Brasil. Realmente vai dar muita dignidade às pessoas. Você fazer um trajeto que era de duas horas, duas horas e meia, lá de Guadalupe, lá de Deodoro, até o centro da cidade, você faz isso em 40 minutos .Fora as outras apêndices ali, da maré, de olaria, de Vigário Geral, da Penha, você chegar nesse espaço mais curto ali, você conseguir integrar, sair de Marechal, por exemplo, pegando um ônibus, descendo em Deodoro, conectando com a Transbrasil, depois chegando lá no terminal, gentileza, pegando um VLT e saindo lá no aeroporto(…) Enfim, há evoluções que precisamos fazer no transporte, mesmo com isso a gente já conseguiu evoluir. E o principal é a saúde, também acho que é um grande ponto, que a cobertura da clínica da família, a gente conseguiu voltar 80%, que é a cobertura de clínica da família, só para poder fazer esse parâmetro, você ter perto da sua casa um atendimento de saúde, da saúde básica da família, dentro do SUS. Então, hoje, um familiar, uma família, um homem, uma mulher consegue ter esse atendimento, esse acompanhamento, por um médico de família, por uma enfermeira da família, por um agente comunitário de saúde, perto da sua casa, em 80% do território da cidade. Ou seja, por uma clínica da família ou seja, por um centro municipal de saúde. Então, a gente conseguiu recuperar esse sistema de saúde também para diminuir a fila do Sisreg. A gente diminuiu em 50% justamente porque depois que você dá o atendimento, a pessoa tem que fazer um exame, ela tem que ter um atendimento de imagem, Ela tem que fazer uma operação de catarata e tudo isso foi direcionado para o nosso centro de saúde. Acho que de parte municipal são essas evoluções e outras mais, mas preciso de política pública continuada. Sem fazer propaganda político partidária, mas quem entrar para tocar a prefeitura, ela tem que seguir um rito. Ela tem que seguir o que foi feito. E eu falo de novo, muito pelo que os servidores públicos da prefeitura já traçaram(…). O planejamento dos CIEPS foi o que foi desejado por muitos anos, era um planejamento estadual e agora o secretário Renan Ferreirinha conseguiu transformar isso para um planejamento municipal com o nosso GETS. Então isso é uma política que não pode ser descontinuada. E tudo isso que está sendo feito, a gente está inaugurando vários finais tecnológicos aqui no Rio de Janeiro. Então, independente do quem for, a gente espera que fique, mas se trocar, que as pessoas deem continuidade em políticas boas. Então, acho que é isso que fica da política, ter continuidade de ações boas e que isso vai impactar diretamente.

Para ele, o papel de subprefeito, tem como função o “olhar do prefeito” dentro da região. Ele destaca a responsabilidade de garantir que as ações e projetos estejam alinhados com a visão e as prioridades do prefeito. Além disso, Vaz enfatiza seu papel de intermediar demandas da população e acompanhar de perto a execução de obras e serviços públicos: “(…)eu falei muito de sensibilidade, então, o cargo do seu prefeito não é para ser um burocrata, é ser um olhar sensível e estar no dia a dia de ter a cabeça do prefeito para você poder agir como se fosse ele ali. Então, é designado a mim uma autoridade nesse nível de poder designar ações, projetos, desde micro a macro, que possam andar no mesmo alinhamento com ele. Então, existem certas cobranças que vêm até a mim porque ele centraliza certos pedidos para que a gente possa caminhar com a mesma ideologia.”

Diego Vaz – Então, vamos lá. Acho que tem duas grandes funções. Uma é ser o olhar do prefeito mesmo dentro daquela região. Então, eu falei muito de sensibilidade, então, o cargo do seu prefeito não é para ser um burocrata, é ser um olhar sensível e estar no dia a dia de ter a cabeça do prefeito para você poder agir como se fosse ele ali. Então, é designado a mim uma autoridade nesse nível de poder designar ações, projetos, desde micro a macro, que possam andar no mesmo alinhamento com ele. Então, existem certas cobranças que vêm até a mim porque ele centraliza certos pedidos para que a gente possa caminhar com a mesma ideologia. Eu vou dar exemplos práticos disso. O prefeito, desde que a gente entrou no início, ele passou que o planejamento dele era a gente continuar na saúde com a recuperação das clínicas da família e do recuperar a cobertura do sistema de saúde e diminuir a fila do CGI, que eram os principais. Quem vai tomar conta disso sou eu, a Secretaria de Saúde. Eu vou acompanhar a obra para que a COMLURB possa ajudar e ser integrada junto com a Secretaria de Conservação para que se tiver algum problema ali de falta de atendimento, não para passar ninguém na fila, não sou um fala com a Márcia, mas que alguém precise de um atendimento que a gente não esteja dando certo, eu possa atentar o gerente da clínica da família, eu posso atentar o superintendente da região, isso para qualquer Se nosso 1746, que é a central telefônica, não está funcionando direito, a contento, ou se está faltando alguma coisa, eu ser o filtro para que o cidadão não fique descontente. Eu consegui sinalizar problemas que não chegam diretamente ao prefeito. Exemplo, os alagamentos. Tantos que a gente falou que a gente está na rua rodando e a gente escuta muito o morador. E o morador geralmente é o que sabe do problema. Então, quantas vezes eu já cheguei, exemplo, Mercadão de Madureira é um, de chegar no Mercadão E ele falou, Diego, isso aqui alaga muitos anos. Chuva toda hora alaga. Tem um problema crônico aqui. E aí eu fui à Fundação Rio Águas, que é quem cuida dessa parte da prefeitura do Rio, já ter o projeto pronto, já ter o orçamento. Então, atualiza o orçamento, faz o projeto, leva pro prefeito, faz a obra, obra em 12 meses, está lá inaugurado, está pronto. Se você não tivesse conhecido o vidro grande ali na rua para ouvir, essa chuva agora de Acari teria alagado e tantos os comerciantes como os trabalhadores teriam perdido mais uma vez a sua mercadoria. (….)o alagamento na Pavuna, então são certos lugares que você só vai conseguir se você ouvir. Isso vai desde as grandes obras de alagamento a mão de uma via que você tem que mudar porque dá atropelamento.(…) Tô tentando lembrar aos grandes shows do Engenhão que aconteceram. Do nada o John Textor decide comprar a SAF do Botafogo e o Botafogo passa de 7 mil, 10 mil pessoas, não tô fazendo nada, tô dando o tom mesmo, passa de todo jogo do Botafogo tinham 40 mil pessoas no estádio. A gente não tinha nenhum planejamento para 40 mil pessoas no estádio do Botafogo. Então a gente começa todo jogo a fazer planejamento de 40 mil pessoas no estádio. E aí o Sr. John Textor passa a botar uma equipe muito eficiente, começa a trazer Taylor Swift, Coldplay, RBD, todo mundo para fazer show no estádio e começa a botar 80 mil pessoas no estádio. Então assim, a gente teve uma semana que a gente teve jogos, shows, tudo junto. E quem vai fazer a integração da Polícia Militar, da Comlurb, da Rio Luz, da Guarda Municipal, e assim, se não tiver o olho do dono a estar presente, a coisa não anda. Então, também cai esse planejamento. Então, você pode ser um nada, mas você pode ser um tudo. Então, no nosso caso, trabalhando como prefeito, a gente não tem condição de ser nada. Porque ele é um cara que vai te cobrar, vai te mandar mensagem, vai fazer com que as coisas andem. Porque ele é muito cobrado, ele é muito acessível. Então, uma vez que ele tem acessibilidade para as pessoas, isso cai sobre a gente também. Então, falando um pouco da rotina, dia a dia, no horário mais diurno, acompanho as obras da prefeitura. Antes era descobrir as obras e fazer o orçamento andar. Como os orçamentos já andaram, tem muita obra na rua, agora é acompanhar as obras que estão sendo lançadas, fazer as entregas e chegar muito à noite e ouvir os moradores para pequenos ajustes ou até para planejamento de futuros. A gente agora estancou o orçamento, tá? Orçamento já comprometido e política lá, é médio e longo prazo também. Então, vamos fazer isso mais para frente que a gente acredita que a gente já fez aqui e vamos caminhar mais para o futuro também.

Apesar dos desafios, Vaz encontra satisfação no impacto positivo que pode causar na vida das pessoas por meio de seu trabalho na política. Ele destaca a gratidão expressa pelos moradores cujas vidas foram melhoradas por suas ações:

O que mais me dá orgulho, se as pessoas soubessem o quanto fazer bem ao outro faz bem a si próprio, parece uma frase clichê, quando você vê uma senhora humilde, idosa, que vira para você, espera a sua cabeça, segura no seu ouvido e fala assim, “meu filho, obrigado”. Esse lugar está assim há 30 anos e você mudou a minha vida. Não há nada mais satisfatório no mundo que eu já tenha vivenciado do que isso. E toda vez que você encontrar aquela senhora, ela vai te encontrar com o mesmo sorriso, com a mesma alegria. 

Então, a mudança da vida das pessoas, passar pela sua mão, passar pela sua ação, passar pelo seu trabalho, isso é muito prazeroso. Isso te faz muito bem. Isso te preenche de uma forma que eu não consigo, às vezes, nem ter palavras para explicar direito. E isso compensa privação de sono, privação de contato com os amigos, de contato com a sociedade, de contato com a família, e dá mais vontade até de você trabalhar mais e mais e mais, porque esse retorno é muito eficiente internamente, para quem acredita nisso. Então, o que me dá mais prazer, o que me deixa mais feliz e o que me mantém na política é isso, a capacidade de, através do meu poder, eu conseguir emanar a mudança da vida das pessoas e, principalmente, da nossa gente, da gente que está ali, que precisa muito.

Diego Vaz reconhece a descrença da população na política, atribuindo-a, em parte, à falta de transparência e à quebra de promessas por parte de alguns políticos.

Ele destaca a importância de agir com honestidade e responsabilidade para reconstruir a confiança dos cidadãos: “Não existe nova ou velha política, existe a boa política.”

Diego Vaz – Mas a população está muito descrente por muitos erros que aconteceram, lógico, na política. Eu acho que isso é o que falta em outros setores da sociedade que erram causam muito mal ao Rio de Janeiro hoje em dia também, é você ter pessoas em posição de poder, em posição de destaque, que possam admitir que há erros também. Há erros internos e que tem que ter reflexões internas. Que a gente sempre possa melhorar e dar bons exemplos. Não existe nova ou velha política, existe a boa política.

Diego Vaz – Então, é isso que a gente tem que sempre praticar e sempre dar o bom exemplo. Então, vou dar mais um exemplo aqui para ficar mais claro. Eu estava agora no Renascença Clube. O Renascença estava passando por um processo de obra. Nesse processo de obra, você faz o projeto. Depois de fazer o projeto, você tem o orçamento. No orçamento, você tem que pegar a autorização do prefeito. Na autorização do prefeito, você monta a licitação. Você monta a licitação, você torna a licitação pública. De tornar a licitação pública, você tem pessoas a concorrer. Nesse processo de concorrer, alguém impugnou a licitação. Aí ela vai julgar, ela vai para a PGM, ela vai para vários processos jurídicos, aí depois tem um ganhador, aí esse ganhador, se ninguém concorrer, ele tem mais ou menos 30 ou 40 dias… Então, assim, é um processo que pode levar muito fácil de um ano e meio para acontecer. 

Diego Vaz – Então, uma coisa que começou no ano de 2023, que não é um ano eleitoral, vai acabar sendo executada no ano de 2024 e as pessoas vão falar, só fez porque é ano de eleição. Então, assim, eu tô na rua pra resolver o problema de uma troca de manilha, de colocar uma caixa. Acontece antes ou depois da eleição? Senhora, se acontecer depois da eleição, a gente tá dentro do período do mandato. É até dia 31 de dezembro. Então, assim, essa relação está muito desgastada e eu prefiro… 

Diego Vaz – Como é que eu lido com isso? Só posso prometer aquilo que eu posso cumprir. Eu prefiro ficar vermelho uma vez do que amarelo dez vezes. 

Então, eu sei às vezes até que eu posso cumprir. Eu sei até que às vezes eu tenho prazo pra dar, mas eu não dou. E aí eu falo, ó, tô vendo essas carinhas de vocês todos insatisfeitos. Mas eu vou voltar aqui e vou ver essas carinhas insatisfeitas depois e falar, esse foi papo reto, que eu suborno muito isso, né? É papo reto, papo na linha, e que a coisa andou do jeito que tinha que ser feito, que não teve… blá, blá, blá, e nem conversa fiada. É muito melhor a gente tratar a senhora no olho do que você prometer, e as pessoas já estão muito cansadas de falsas esperanças, as pessoas que vêm ali, carinhas novas, e que prometem, prometem e não fazem. Então, a gente lida muito com esse processo de desconfiança das senhoras.”

Foto de Diego Vaz, ex-subprefeito da Zona Norte do Rio de Janeiro. Diego é um homem de pele bronzeada, com cabelos curtos pretos e barba bem cheia. Está com uma camisa azul claro.

Não deixe de ouvir a entrevista na íntegra! Basta apertar o play lá no início ou acessar o episódio no Spotify.

Para o futuro da Zona Norte, Vaz visualiza um cenário promissor, desde que haja continuidade nas políticas públicas e investimentos planejados. Ele destaca a importância de promover infraestrutura, saúde e transporte de qualidade para garantir a dignidade dos moradores: “Se a gente continuar com a política pública continuada na Zona Norte, a gente consegue dar dignidade ao povo que mora aqui.”

Diego Vaz – O projeto para a Zona Norte, acho que a Zona Norte tem um potencial imenso, grandioso, de crescimento de estrutura, e aí eu falei desses 30, 40 anos, se a gente mantiver tudo o planejamento que foi aprovado no Plano Diretor, o planejamento que a gente tem na prefeitura, feito pelos servidores públicos, de execução dos bairros maravilhosos, dos planos de drenagem, de desassoreamento dos rios, agora com o recurso federal do rio Acari, do rio Pavuna, do rio dos Cachorros, Se a gente for trabalhando o que a gente tem, do planejamento do asfalto liso para as outras ruas que não entraram, se a gente for trabalhando essas áreas, chegar em algumas áreas que faltam ainda esses 80% de cobertura da família, áreas principais que não têm esse atendimento ainda. Se a gente continuar com a política pública continuada na Zona Norte, a gente consegue dar dignidade ao povo que mora aqui.

Diego Vaz – O povo que mora aqui gosta muito de ter aquilo de uma forma mais simplista. Eu não estou fazendo, como Joãozinho Trinta sempre disse, quem gosta de pontuar pobreza é intelectual. O pobre gosta de luxo, de riqueza. O carnaval é aquilo tudo. Mas a riqueza também é diferente de ostentar. Então, as pessoas aqui gostam que as coisas funcionem bem. Você sair de manhã para o trabalho, o seu ônibus está limpo, está com ar-condicionado, para você pagar uma passagem justa. E aí o seu marido ficou para levar o seu filho na creche, está com vaga na creche. Depois o seu filho mais velho está estudando na escola. O seu marido volta antes de ir para o trabalho. Deixou a mãe para fazer um projeto numa praça. Tem um projeto da prefeitura e a praça está bem cuidada. Ela pode levar depois o neto para casa, para ficar. Depois que o marido vem, pega o carro pra poder ir trabalhar, ele não vai perder dinheiro gastando na suspensão, no amortecedor, ou gastando mais óleo porque a estrada está toda esburacada. E aí os dois conseguem chegar mais cedo no trabalho, tanto pra curtir futebol, Botafogo, seja pra curtir o jogo no Engenhão de forma organizada, seja pra ir no culto ou na missa, se for de religião, da que for, se for, no centro de Urbana, no Axé, se quiser curtir um samba, um pagode, o que seja for dentro da sua casa, no tempo digno que eles tiveram de transporte diminuído com as ações da prefeitura.

Então, não é projetar Los Angeles, Nova York, Paris, é a gente projetar o digno e o necessário para a Zona Norte. Dá para fazer, é viável, tem recurso, tem parceria com governos estaduais e federais, a gente precisa sim, é gente competente e que tenha conseguir encaixar nesse grande mosaico aqui que é o nosso Caquinho Suburbano.

Mensagem aos ouvintes do QTRCast

Diego Vaz conclui incentivando o engajamento cívico e a participação ativa na política como meio de promover mudanças positivas na sociedade. Ele destaca o poder dos cidadãos em influenciar as decisões políticas e destaca a importância de escolher candidatos comprometidos com o bem-estar da comunidade: “Procurem saber quem são esses candidatos, interajam com eles, tenho certeza que você está falando com eles próprios, que eles estão respondendo.”

Diego Vaz – Que a transformação do nosso país, da nossa cidade, da nossa sociedade, se dá única e exclusivamente através da política. Que os outros investimentos todos, eles permeiam como um copo d’água, onde você coloca e eles derramam, depois em várias artérias, através da política. É na política que você toma a decisão de orçamento, onde você vai colocar mais recursos na educação, onde você vai colocar mais recursos na saúde, onde você vai cuidar do seu transporte para você chegar até o seu colégio, até a sua faculdade. Então, é através da boa política. Não existe nova, não existe velha, existe a boa. Então, se engaje, se interesse, procure, pesquise, 2024 é um ano de eleição em que você vai ter que eleger um prefeito e um vereador. que vai tomar conta da sua cidade, que vai tomar conta do orçamento da sua cidade, onde vai reger todas as obras públicas, todo o direcionamento dos seus próximos quatro anos, e os vereadores que vão fazer as leis dentro da Casa de Leis da sua cidade, que vão ajudar o prefeito a tocar toda a sua vida. Então, isso é muito importante. 

Diego Vaz – Então, procurem saber quem são esses candidatos, procurem saber quem são essas pessoas, interajam com eles, tenho certeza que você está falando com eles próprios, que eles estão respondendo, marquem conversas, marquem reuniões, marquem bate-papos, interajam, porque o nosso futuro, eu tenho 35 anos, e o futuro de vocês, das suas famílias, dos seus filhos, passam diretamente por essas decisões. E a gente pode pensar que é muito pouco, mas, sim, a gente é capaz de mudar pequenos espaços, pequenos mundos que a gente tem grande influência. Então, eu também aqui como subprefeito da Zona Norte, fazendo parte da Prefeitura nesses três, quase quatro anos de governo. Estou totalmente à disposição, aberto. Vou deixar minhas redes sociais aí, Diego Vaz, @ Didivaz. Me segue no Twitter também, Diego Vaz, Diego_Vaz. Me manda mensagem, me manda um direct, sugestões, perguntas, tudo bate-papo. A gente sempre vai poder trocar essa ideia e falar sobre o que a gente pode melhorar na cidade, no nosso Rio.

Em suma, a jornada de Diego Vaz conta um pouco das peculiaridades do subúrbio do Rio de Janeiro e da necessidade de uma Gestão Pública que trabalhe com dados, evidências e sensibilidade. Para ele, é importante o poder transformador das experiências vividas e do compromisso com um propósito maior, o fazer público. Sua trajetória reflete não apenas uma conexão com a Zona Norte, mas também um compromisso enraizado com as características citadas e o que ele chama de “Boa política”.

O futuro da Zona Norte

Rolar para cima