Escolha Partidária: Antes e Depois

Foto de Rodrigo Cobra, homem branco sorrindo, com braços cruzados e blusa azul.
foto de oswaldo filho, homem pardo com blusa preta sorrindo.

Rodrigo Cobra

Rodrigo Cobra é graduado em Administração Pública pela Universidade Federal de Lavras – UFLA, onde sua trajetória na política e no fortalecimento da democracia teve início. Participou da representação estudantil e dos principais conselhos da universidade em todos os níveis.

Dedicou-se à política na esfera municipal coordenando estrategicamente campanhas eleitorais nos anos de 2010, 2012 e 2014. Também foi Chefe do Departamento de Finanças na Prefeitura de Lavras.

Atualmente é Diretor Executivo no RenovaBR, onde une sua paixão pela política à busca constante pelo aprimoramento e fortalecendo da democracia brasileira por meio da formação e líderes políticos.

Em colaboração com

Oswaldo Filho

Osvaldo Filho, estudante de Economia na PUC-SP e Analista no RenovaBR, iniciou seu engajamento político e social como presidente do Grêmio Estudantil do IFPB-CG e como Jovem Parlamentar na Câmara Municipal de Itatuba. Sua experiência inclui também atuações como analista legislativo na mesma câmara e como analista de Relações Institucionais no Mapa Educação. Seu compromisso abrange a política e a educação, com foco no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática. Sua atuação no RenovaBR é um reflexo deste propósito, contribuindo significativamente para a construção de um Brasil mais justo.

Escolha Partidária: Antes e Depois

Em nosso último texto, exploramos os principais desafios enfrentados por novos participantes no cenário político, principalmente como a ansiedade pode afetar negativamente uma candidatura. Outro aspecto crucial no início de um ano eleitoral suscita muitas dúvidas entre candidatos em todas as eleições: o relacionamento com os partidos e o processo de filiação.

Faltando uma semana para o término da Janela Partidária, período estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no qual candidatos já eleitos podem mudar de partido sem enfrentar penalidades por infidelidade partidária — situação em que políticos eleitos por meio de vagas proporcionais trocam de partido sem perder o mandato —, é também o momento para que novos candidatos se filiem a um partido caso desejem concorrer nas próximas eleições.

Antes de discutirmos os pontos chave que os candidatos devem considerar ao negociar com os partidos, vamos definir o que é um partido político segundo a Lei Nº 9.096/1995. Um partido político é a união voluntária de cidadãos com alinhamento ideológico, com o objetivo de disputar o poder político de forma organizada. Podemos destacar três funções principais:

  1. Correlacionar a ideologia partidária com as práticas governamentais, através de programas e projetos;
  2. Recrutar membros para cargos diretivos e disputas eleitorais, representando os interesses de uma parcela da sociedade;
  3. Posicionar-se em relação aos governos eleitos e às questões sociais, especialmente aquelas estabelecidas constitucionalmente.

No Brasil, os partidos políticos são componentes essenciais do processo eleitoral. A legislação eleitoral define os partidos políticos como os principais agentes em todo o procedimento.

No âmbito legislativo, especialmente, as cadeiras proporcionais pertencem aos partidos, os quais agregam os votos de seus candidatos com o objetivo de alcançar o quociente eleitoral (Total de Votos Válidos em um Distrito / Por cadeiras em disputa). Portanto, não é possível concorrer em eleições sem estar filiado a um partido.

Com a proibição do financiamento privado de campanhas, os partidos, já importantes, ganharam ainda mais relevância ao distribuir os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Por um lado, a legislação reduziu o poder de influência das entidades privadas, por outro, fortaleceu as lideranças partidárias.

É por esse motivo que os candidatos, desejando de fato ter uma chance de sucesso na corrida eleitoral, devem estar muito atentos à negociação com os partidos.

Ao se reunir com lideranças partidárias do seu estado ou município, o candidato deve ter em mente os seguintes objetivos:

  • Garantia da Candidatura: É crucial que, ao final de uma reunião de alinhamento, o pré-candidato tenha sua candidatura assegurada e a certeza de que seu nome estará na nominata do partido. Resolver este ponto é essencial para avançar nas negociações.

  • Viabilidade Eleitoral: É sabido que, especialmente na disputa por vagas proporcionais no Legislativo, uma chapa bem estruturada e competitiva pode ser decisiva. Muitos indivíduos perdem suas vagas devido a chapas mal organizadas, o que reforça a importância de uma estratégia bem planejada. É importante ficar atento às alianças, apoios e endossos que podem potencializar a sua candidatura e tornar a chapa ainda mais competitiva.

  • Volume de Recursos para a Campanha: A negociação dos recursos eleitorais é um dos aspectos mais delicados do processo. A alocação de recursos pelo partido pode ser decisiva, uma vez que estudos mostram uma relação direta entre o financiamento recebido e bons resultados nas eleições.

Sabemos que este processo pode parecer complexo e desafiador. Uma grande parte do nosso trabalho no RenovaBR é decifrar e simplificar cada etapa desse processo, guiando nossos alunos por esse mundo completamente novo. Quando forem conversar com as lideranças partidárias, mostrem que seu projeto é sólido e que você será um bom investimento para o partido. Para isso, levem um resumo da sua estratégia de pré-campanha e campanha, orçamento, e um plano de comunicação estruturado que demonstre que você está seriamente envolvido e será um competidor forte no processo eleitoral.

Quando estiver confiante de que fez uma boa escolha ao decidir pela filiação, envolva-se e dedique-se a construir e manter uma imagem positiva junto ao seu partido.

  • Manutenção da Imagem: A construção de imagem que leva alguém a uma filiação partidária, não necessariamente faz com que o filiado se mantenha em destaque na sigla. Suas ações devem ser expostas para o público interno e, inclusive, moldadas para que os demais filiados, principalmente as lideranças partidárias, sintam-se parte do projeto político que você lidera.

     

  • Caminhe Junto: É fundamental participar de eventos, seminários e outras atividades partidárias. Coloque-se à disposição para organizar tais atividades e proponha a elaboração de algumas. Sua presença e participação constante reforçarão o vínculo gerado no ato de filiação.

     

  • Demonstração de Apoio: Os líderes partidários almejam que os seus correligionários, dentre outros fatores, tenham projeção externa, estejam presentes e confirmem suas preferências. Essa confirmação gera mais valor quando feita em forma de discursos abertos e divulgações abertas em redes sociais.

A maioria dos filiados têm receio de realizar as ações acima descritas, entretanto são estes atos que auxiliam os políticos, principalmente os iniciantes, a acumular capital político e, em outros momentos, pleitear oportunidades internas no partido.

Em última análise, o caminho para a trajetória eleitoral vai além da mera filiação partidária e da negociação por recursos ou posições. É fundamental para o candidato criar e manter uma relação de confiança e respeito mútuo com seu partido, seus membros e, mais importante, com os eleitores. 

A transparência, a honestidade e um compromisso genuíno com os valores e a missão do partido são pilares que não apenas garantem uma imagem positiva, mas também fortalecem a democracia e a eficácia da governança.

Portanto, ao embarcar nessa jornada, lembre-se de que sua integridade e seu comprometimento em representar e promover os interesses do povo são o que verdadeiramente fazem a diferença.

Alinhar-se com seu partido e seus eleitores em valores, visão e ação, e demonstrar isso consistentemente em suas campanhas e conduta, não apenas maximiza suas chances no processo eleitoral, mas também contribui para uma sociedade mais justa e representativa.

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