Falar da Amazônia é nosso direito: sob o olhar de quem mora nela

Netto Santos fala sobre a Amazônia pela perspectiva de quem mora lá

Netto Santos

Jovem amazônida, jornalista e educomunicador, com experiência em marketing digital. Atua com projetos de transformação digital na Amazônia através da tecnologia e comunicação. Vice-curador do Global Shapers Manaus, Community na Bemol e fundador da Tchibum na Amazônia, startup de turismo de base na região.

Falar da Amazônia é nosso direito: sob o olhar de quem mora nela

Foi necessário que muitos anos se passassem para que nós, jovens da Amazônia, acreditássemos que ser uma liderança, com voz e vez para falar da nossa realidade, estava aquém do nosso alcance. Aos poucos, fomos deixando que outros ocupassem esse lugar e contassem nossa história.

E foi necessário que muitos de nós tivéssemos a coragem de mudar essa realidade, tomando posse do que é nosso por direito: o poder de fala.

Mas o que essa reflexão tem a ver com o futuro na política no Brasil? Tudo!

Nós somos a geração que pode ousar a mudar e, mais do que isso, temos o compromisso também de pensar em quem vem depois. Afinal, a jornada não acaba por aqui.

Antigamente, muito se ouvia dizer (por quem não é daqui do Norte) que quem mora na Amazônia conseguia viver apenas do que a terra dava. Hoje, através de porta-vozes da nossa região, a teoria se torna um mito. Nós amazônidas temos sonhos e objetivos que, por vezes, vão além das fronteiras da floresta. Eu sou prova disso. Estou prestes a viajar, pela primeira vez, para outro país, representar meu território, sem esquecer – nem um minuto – das minhas origens, do meu povo e de quanto quero continuar abrindo passagem para as próximas gerações.

Isso também é fazer política. É saber para onde quer ir e por quem você está indo. Qual é a sua causa?

A construção de lideranças nortistas.

Assumir a liderança de si mesmo é uma jornada interior que envolve reconhecer e honrar nossas próprias habilidades, valores e aspirações.

Significa também reconhecer que liderança vai além de meras habilidades técnicas ou estratégicas; trata-se de cultivar um senso de autenticidade, empatia e integridade em todas as nossas interações, tanto consigo mesmo quanto com os outros.

Entender que o papel de liderança hoje é completamente diferente do que era no passado. Daí a importância de explorar os muitos recantos da Amazônia. Frequentemente, isto exige jornadas fluviais, uma experiência que me levou a ponderar sobre o significado de ser um jovem líder em minha região. Em diversas ocasiões, tentei me conformar com os moldes de liderança do mundo corporativo, mas em nenhuma delas me senti verdadeiramente conectado.

Foi então que decidi permitir-me voar livremente, como o pássaro lendário do boi Caprichoso (lenda amazônica). Nessa jornada de autodescoberta, compreendi que meu papel como líder era capacitar outros a encontrarem suas próprias vozes. Dediquei-me a preparar as próximas gerações para explorarem territórios antes desconhecidos por nós. Além disso, percebi que o
verdadeiro triunfo só é alcançado quando é compartilhado. Meu desejo é alcançar o sucesso em prol do meu povo, mas também é testemunhar o êxito de cada indivíduo ao meu redor. Ser líder é celebrar as conquistas daqueles que caminham ao nosso lado.

Falar da Amazônia é nosso direito

Falar da Amazônia é nosso direito, e nossa missão é continuar o círculo virtuoso de andar lado a lado com o nosso povo. É também abrir caminho para novas gerações de líderes que defendam a Amazônia sustentável, bem como seu potencial empreendedor, de experimentação e de transformação digital.

“É sobre entender o papel que um líder não precisa deixar suas raízes para se conectar com o futuro.”

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