Marina Helou: Construindo um Futuro Verde para as Próximas Gerações

Marina Helou

Construindo um Futuro Verde para as Próximas Gerações

O QTRCast teve o prazer de receber a Deputada Estadual Marina Helou, que compartilha sobre sua vida e trajetória até chegar na política, a importância das pautas que defende –  direitos das crianças e das mulheres, meio ambiente e sustentabilidade – e também a experiência da maternidade nos dois mandatos.

Os primeiros passos

Marina Helou, paulista e corinthiana, cresceu em São Paulo e teve o privilégio de estudar em uma escola Waldorf, que influenciou sua visão coletiva de desenvolvimento. Desde jovem, se envolveu em atividades como fundar e presidir o Grêmio de sua escola e participar de programas de trabalho voluntário. Embora tenha se apaixonado pelo impacto do poder público ao cursar administração pública, nunca considerou entrar na política devido à falta de referências e informações sobre o funcionamento do sistema político e a ausência de modelos femininos jovens fora de famílias políticas.

Bom, eu sou paulista paulistana, só não sou São Paulina, graças a Deus, sou corinthiana, mas nasci aqui em São Paulo, cresci minha vida inteira aqui. Eu tive muitos privilégios na vida em um deles de ter a oportunidade de estudar numa escola Waldorf, que é uma escola antroposófica, bem diferente. em que a gente olhava muito para outra forma de desenvolvimento que me marcou até hoje.

E nessa escola, eu já comecei a pensar e participar de formas do coletivo. O que me chamou na minha vida, o que me chama na minha vida sempre foi possibilidade de contribuição a partir de uma lógica do coletivo. Então, eu fundei o Grêmio da minha escola, fui presidente do Grêmio, participava dessas lutas, participava de programas de trabalho voluntário. Fundei, criei, dava aula de artes em vários lugares. Fazia muitas coisas a partir dessa lógica. Mas eu nunca pensei em entrar na política. Não fazia a menor ideia do que eu queria fazer na vida (…)

Descobri o curso de administração pública (…) ‘Quero trabalhar em organizações em ONGs, em organizações de associação civil.’ Entrei na faculdade, me apaixonei pelo impacto do poder público, pelo impacto que o poder público e o Estado tem em transformar a realidade, mas mesmo assim nunca pensei em entrar na política.

conta Marina Helou na entrevista.

Marina Helou – E me fica muito claro hoje porque me faltavam referências. Ninguém me perguntava se eu queria ser deputada, se eu queria ser prefeita, se eu queria ser não é estar na política. Eu não aprendi em um dos melhores cursos de administração pública o que é quociente eleitoral, como faz campanha, como é fundo eleitoral, como funcionam os partidos. Não tive nada sobre isso e principalmente não tinham mulheres jovens que não eram de famílias de políticos ocupando esse espaço. Por isso não era uma referência para mim; em nenhum momento eu pensei em entrar na política.

Virada de chave

Marina Helou teve a oportunidade, durante a faculdade, de participar de um projeto sobre o financiamento da usina de Belo Monte. Essa experiência transformadora consolidou sua convicção sobre a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável, que aborde a desigualdade e pobreza profundas do Brasil enquanto preserva o meio ambiente e a vida na Terra.

Marina Helou – Eu tive a oportunidade, ainda na faculdade, de fazer um parecer sobre Belo Monte. Era o ano de financiamento de Belo Monte e a gente participou. Eu toquei um projeto em que a gente tinha que dar um parecer para o Santander e para o Itaú, se eles deveriam ou não financiar Belo Monte. E daí a gente foi a Tautamira, depois foi para o Geraldo Santo Antônio.

Marina Helou – Entrou muito profundamente nessa questão, na questão da matriz energética brasileira, de grandes obras, financiamento de campanha, e mudou minha vida. Aquela experiência me deu a certeza de que todos nós, todos que estamos vivos hoje, temos a obrigação, o desafio e a responsabilidade de construir um novo modelo de desenvolvimento que seja sustentável.

Marina Helou – E isso só dá para fazer realmente olhando para a nossa profunda desigualdade, para a profunda pobreza do Brasil, mas pensando em como gerar valor e combater esses problemas, preservando o nosso meio ambiente, preservando a nossa condição de vida na Terra.

E quis trabalhar com sustentabilidade, fiquei encantada com esse processo. Queria ter uma experiência no mundo corporativo também. Prestei o programa de treino da Natura e fui trabalhar na Natura, uma empresa brasileira. Minha avó tinha sido consultora da Natura, falava de sustentabilidade. Foi ótimo. Eu amei trabalhar lá. Acabei ficando um tempão. Só que eu sentia falta nessa discussão mais coletiva dentro de mim.

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O início na política

Marina Helou descreveu seu envolvimento nas manifestações de 2013 e sua crença na política como ferramenta de transformação social. Ingressou na Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) para promover novas lideranças comprometidas com a sustentabilidade. Ela enfatiza a importância de se engajar e aprender ao longo do caminho, mesmo sem todas as condições iniciais.

Marina Helou – Veio 2013, o ano das grandes manifestações, comecei a me envolver, comecei a ir pra rua, comecei a discutir, e era um ano que todos nós estávamos com muita raiva dos políticos. Todos os políticos eram “o problema do Brasil”. E eu falava “gente, mas a política é a melhor ferramenta que a gente tem pra transformar e melhorar a sociedade. A gente não pode jogar fora todo esse conceito junto com os problemas que o Brasil está enfrentando. Então, se a gente tem um problema com os políticos, a gente precisa de outros políticos. Vamos trabalhar para ter bons políticos.”

E eu entrei na RAPS, que é a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, um espaço que estava surgindo para trazer novas lideranças para a política que se preocupassem com sustentabilidade. E eu entrei querendo trabalhar numa campanha, porque até então eu nem conhecia nenhuma pessoa que já tivesse sido candidata na vida. Era tão distante da minha vida que eu nem conhecia ninguém. E daí entrei lá, comecei a conhecer pessoas, comecei a ver o que dava pra fazer, que tinha gente fazendo (…)

Fui candidata e eu realmente não entendia nada do assunto, me filei na Rede, era a primeira campanha eleitoral da Rede da história do partido, ninguém entendia o que estava fazendo, não era só eu que não entendia. E com o conhecimento que eu tenho hoje, eu tenho certeza absoluta que era impossível ser eleita. Era uma chapa que podia ter até 85 candidatos. A gente tinha 16 que nunca tinham tido voto, que não eram famosos, que não tinham nem um real do partido para fazer 100 mil votos. Hoje eu sei que era impossível, mas na época eu não sabia e eu achava que eu ia ser eleita, trabalhei loucamente.

De fato era impossível, eu não fui eleita, mas tive muito voto, mais voto do que algumas pessoas que foram eleitas e me permitiu então criar as condições para que na próxima eleição, já sabendo mais, eu viesse como candidata a deputada estadual e fosse eleita. 

— conta Marina Helou na entrevista.

Marina Helou – Nesse meio tempo aprendi bastante, então quando eu conto minha história, principalmente para jovens, eu falo “às vezes a gente não tem todas as condições, a gente não tem todas as informações, mas se jogar e realmente fazer, ir atrás, construir, criam as condições para que os nossos caminhos se tornem possíveis.” Isso foi muito importante para mim.

A maternidade e o mandato como prioridades

Marina Helou enfatiza que suas principais prioridades são seu trabalho como deputada e seus filhos. Ela se dedica a ambos com intensidade, equilibrando sua vida profissional e pessoal, e encontra prazer e desafio na maternidade.

Marina Helou – Eu tenho duas prioridades: meu trabalho e meus filhos. Isso tem muita clareza na minha vida. Eu gosto muito dos meus amigos, gosto muito de sair, gosto muito de tudo, mas as minhas prioridades são meus filhos e meu trabalho, ser uma boa deputada, honrar os meus votos e, com certeza absoluta, ser a melhor mãe que eu posso ser. Então eu divido bastante meu tempo, busco na escola, ponho pra dormir, brinco com eles, passeio com eles, gosto de desenhar, gosto de jogar, ensino. Eu amo ser mãe, é uma tarefa, assim… Uma parte de mim que eu gosto muito, é uma tarefa que é desafiadora e é difícil mas que eu me dedico com bastante prazer também.

O papel adequado da política

Marina Helou vê a política como um espaço para negociar soluções a partir das diferenças legítimas na sociedade. Ela critica a polarização atual e enfatiza a importância da independência entre os poderes. Como deputada, adota uma postura independente, focando na discussão de temas e leis específicas.

Marina Helou – Eu tenho uma visão que a política é esse espaço em que a gente coloca as diferenças e as diferenças que são legítimas na sociedade. É legítimo que a gente pense diferente, é legítimo que as pessoas tenham ideias e visões e valores diferentes. Isso faz parte da nossa constituição enquanto sociedade. Mas na política a gente deveria encontrar essas diferenças na construção e negociação de soluções para avançar para as pessoas, para a sociedade. 

Marina Helou – E hoje a gente está encaminhando para um lugar em que a gente tem transformado a política num espaço de embate maior dessas diferenças e não de encontro na construção de soluções. E isso empobrece a nossa possibilidade de nos desenvolvermos enquanto sociedade, enquanto soluções concretas na vida das pessoas e enquanto qualidade da política.

Marina Helou – Eu entro na política muito com essa visão de que eu queria me colocar como independente, que eu não ia me colocar nem como oposição, nem como situação, de qualquer governo que fosse. Se fosse o governo que eu não trabalhei pela eleição, se fosse o governo que eu trabalhei pela eleição, eu iria me colocar como independente, porque eu entendo que é o papel na construção de poderes, pesos e contrapesos da República, que o Legislativo, o Executivo e o Justiçário tenham essa independência e discutam o tema, discutam o olhar, discutam aquela lei em específico.

Se quiser conhecer mais sobre a trajetória da deputada estadual Marina Helou, confira a entrevista completa no Spotify.

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