O conhecimento além das fronteiras acadêmicas: construindo pontes para o futuro

Anna Fontes

Filha da Fátima Carlota e mãe do Bento Meireles, pós graduanda em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUCRS. Atua com Responsabilidade Social e investimento Social Privado com foco no processo de envelhecimento da sociedade brasileira como gestora do Itaú Viver Mais.

Em colaboração com

Beltrina Côrte

Formada em Jornalismo pela Unisantos, especialização e mestrado em planejamento e administração do desenvolvimento regional na Universidad de Los andes (Bogotá/colombia). Doutorado e pos.doc em Ciências da Comunicação na USP. É docente da faculdade de ciências humanas e da saúde (puc-sp). Coordena o grupo de pesquisa longevidade, envelhecimento e Comunicação. Atua na área de gerontologia social, educação continuada e comunicação com o web site portal do envelhecimento e longeviver, revista longevidade, revista Kairós, editora portal edições e espaço longeviver.

O conhecimento além das fronteiras acadêmicas: construindo pontes para o futuro

Vivemos um momento crucial da história da civilização.

A longevidade  humana, impulsionada por avanços científicos e sociais, apresenta-se como um  desafio e uma oportunidade. Desafio porque exige repensar as estruturas  sociais, políticas e econômicas em vigor. Oportunidade porque abre caminho  para novas formas de viver, trabalhar e contribuir para a sociedade. 

Os desafios que enfrentamos diante da longevidade humana são enormes  e complexos. Entre eles, destacamos:

A proporção de pessoas com mais de 60 anos está crescendo rapidamente em  todo o mundo. Isso coloca pressão sobre os sistemas de saúde, previdência e  seguridade social.

A longevidade está associada a um  maior risco de doenças crônicas, impactando na qualidade de vida das pessoas  e aumentando os custos com saúde e bem-estar.

As pessoas  idosas podem ser vítimas de exclusão social, seja por falta de oportunidades de  trabalho, renda ou acesso a serviços básicos, seja por etarismo.

Muitas regiões do país ainda não possuem políticas públicas  adequadas para lidar com os desafios da longevidade. 

Apesar dos desafios, a longevidade humana também apresenta diversas  oportunidades. Entre elas, destacamos:

A  experiência e o conhecimento das pessoas idosas podem contribuir para a  produtividade das empresas e da sociedade como um todo.

A longevidade abre caminho para a criação de novos mercados, como  produtos e serviços para a população idosa.

A pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias podem ajudar a melhorar a  qualidade de vida das pessoas idosas.

As pessoas  idosas vivenciam experiências nunca antes experimentadas, podendo contribuir para o bem-estar das próximas gerações.

Para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da longevidade humana, é necessário construir pontes entre diferentes setores da sociedade.

Governos, organizações não governamentais, comunidades locais, setor privado  e academia devem trabalhar juntos para:

  • Promover a pesquisa e o  desenvolvimento de conhecimento, pois é fundamental investir em pesquisas  que visem a melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas e a compreender  os desafios da longevidade;
  • Fortalecer as políticas públicas, porque é necessário criar e fortalecer políticas públicas que garantam os direitos das  pessoas idosas e promovam sua inclusão social;
  • Incentivar o diálogo  Intersetorial, pois o diálogo entre diferentes setores da sociedade é essencial  para encontrar soluções inovadoras para os desafios da longevidade.

Construindo pontes entre diferentes setores da sociedade, podemos  garantir que todas as pessoas tenham a oportunidade de viver uma vida longa,  saudável e digna.

Como proposta para fundamentar diferentes perspectivas sobre a  longevidade brasileira o Edital Acadêmico de Pesquisa “Envelhecer com futuro” (edição 2022) é uma iniciativa inovadora do Itaú Viver Mais em conjunto com o  Portal do Envelhecimento e Longeviver que visa fomentar a produção de  conhecimento sobre o envelhecimento populacional. O edital apresenta um  conjunto de objetivos, temas e ferramentas que visam fortalecer e consolidar  agendas acadêmicas e políticas sobre o tema. O edital apresenta diversos  pontos positivos. 

Em primeiro lugar, destaca a importância do diálogo entre  saberes na construção de políticas públicas de direitos humanos que garantam  a dignidade da vida da pessoa idosa. Essa perspectiva é fundamental para  garantir que as políticas públicas sejam eficazes e atendam às reais  necessidades da população idosa. Em segundo lugar, o edital reconhece que  trabalhar com a promoção dos direitos humanos por meio da produção de  conhecimento é um desafio.

O edital propõe algumas soluções para esse  desafio, como a construção de pontes e o diálogo entre diferentes setores da  sociedade, incluindo governos, organizações não governamentais, comunidades  locais, setor privado e acadêmico, visando a promoção da autonomia e da  independência da pessoa idosa.  

O conhecimento que apresentamos a seguir é a base fundamental de nossa missão.

Buscamos construir uma cultura da longevidade baseada na solidariedade entre gerações; promoção e proteção dos direitos humanos; e  aprofundamento e fortalecimento das conquistas já alcançadas. As pesquisas  realizadas com o apoio do Edital Acadêmico de Pesquisa “Envelhecer com  futuro” transcendem as fronteiras acadêmicas. O conhecimento gerado é  aplicado em diversas intervenções sociais, demonstrando a capacidade da  ciência de influenciar comportamentos e escolhas coletivas.

Os impactos sociais das pesquisas são amplos:

  • promovem o diálogo com  o objetivo de influenciar políticas públicas;
  • contribuem para a construção de uma  comunidade mais inclusiva;
  • fornecem ferramentas para organizações que  buscam envolver a população idosa;
  • e implementam ações para a inclusão da  pessoa idosa e a integração entre profissionais de diferentes faixas etárias.

Destacamos alguns dos impactos ocorridos em Belém e região  metropolitana do Pará, por exemplo. A pesquisa ali realizada provocou impactos  relevantes ao despertar em algumas instituições adequações de serviços  virtuais, como a criação pela Coordenação do Juizado Especial Federal do Pará,  do serviço de atermação on line, ao qual a pessoa idosa envia a sua demanda  diretamente, a partir de formulário eletrônico, sem precisar se deslocar  fisicamente até a sede da Justiça Federal ou enfrentar filas para seu atendimento  e anexar documentos.

Outro impacto na mesma região se deu nos serviços ofertados pela Defensoria Pública do Estado aos idosos em situação de  vulnerabilidade social que não possuem aparelhos eletrônicos como celular e  notebook, para realizar agendamento de atendimento pela central 129 ou via whattsapp. Defensoria criou alguns núcleos de atendimento presencial, a fim de  eliminar barreiras tecnológicas que impedem esse grupo etário de garantia de  acesso aos seus direitos fundamentais, como o acesso à justiça. 

Nosso objetivo final é construir uma sociedade mais justa e inclusiva, onde  todas as pessoas, independentemente da idade, possam ter uma vida plena e  significativa.

Acompanhar o desenvolvimento das 10 pesquisas selecionadas ao longo  de 2023 foi muito enriquecedor, permitindo o exercício interdisciplinar e a troca  de saberes e resoluções ante adversidades que as próprias pesquisas iam se  defrontando. Esse exercício nos deu mais certeza de a academia ultrapassar  seus muros e de fato estar em sintonia com a sociedade cada vez mais longeva. 

Com esta coletânea, consolidamos nosso compromisso com a produção e disseminação livre de conhecimentos confiáveis sobre o envelhecimento  sustentável.

Buscamos subsidiar a formulação de políticas públicas e análises  que apoiem a redução das desigualdades e a promoção da dignidade da vida na  velhice. As pesquisas aqui reunidas visibilizam as pessoas idosas no contexto  do monitoramento e dos indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento  Sustentável (ODS). Fornecemos dados que alimentam os indicadores de  acompanhamento da Agenda 2030 da ONU, contribuindo para a construção de  um futuro mais justo e inclusivo para todos. 

O conhecimento é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, onde todas as pessoas, independentemente da idade, possam ter a oportunidade de viver com dignidade e plenitude. Acreditamos que esta publicação contribui para a criação de ambientes propícios para um envelhecer com futuro.

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